Saudade
David Machado
s., dal portoghese
Festivaletteratura malinconia

A saudade chega quando nos falta alguém ou um lugar ou um tempo, e tudo o que resta é a ausência e as memórias e também a melancolia provocada por essas memórias. Em Portugal, a saudade sente-se nessa lembrança de quem já não está, que é, a um só tempo, grata e triste. Os portugueses acostumaramse à perda, conformarase com ela. Há quinhentos anos, os nossos marinheiros e conquistadores dispersaramse pelo globo e viveram nas suas solidões, nas suas saudades. Hoje, séculos depois de todo esse império se extinguir, vivemos na saudade de uma época que não regressa, porque a saudade também é uma espécie de esperança inútil que por isso mesmo acaba por doer. É quase como uma assombração que carregamos: não há forma de separar a saudade da memória, e a memória, claro, existe em todas as palavras que dizemos e escrevemos e trabalhamos, as palavras que nos definem. Como se tudo fosse feito de saudade.

La saudade giunge quando ci viene a mancare qualcosa, come un luogo o un momento, e tutto ciò che resta è l’assenza, i ricordi e la malinconia scaturita da queste memorie. In Portogallo, la saudade si percepisce in questa memoria, allo stesso tempo gradevole e triste, di ciò che non c’è più. I Portoghesi sono ormai abituati alla perdita, si sono con il tempo adattati alla separazione. Sono passati cinquecento anni da quando i nostri marinai e i conquistadores si dispersero per il globo e vissero nella loro solitudine, accompagnati dalla saudade. Oggi, secoli dopo la fine di quest’impero, viviamo nella saudade di un’epoca che non può tornare, perché la saudade è anche una sorta di inutile speranza, e proprio per questo può anche farci soffrire. È quasi come un fantasma, un simulacro che ci portiamo dietro: non esiste modo di separare la saudade dalla memoria, e di sicuro i ricordi esistono in tutte le parole che diciamo, scriviamo e elaboriamo, parole che ci definiscono. Come se tutto fosse fatto di saudade.



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